Aplicação

WebMemes


Existe o que entendemos hoje em dia socialmente como meme: A frase por cima da imagem, a figurinha do WhatsApp, o gif. Porque quando você pensa em meme, você não associa com genética, Darwin e a Teoria da Evolução.  

 

Mas o meme não se limita a ser uma figurinha, uma imagem que você acha na internet. O meme está presente no nosso dia-a-dia.  O meme está nas suas referências, em como você se veste, pensa e fala.

 

 

☆.。.:* Linguagem .。.:*☆

 

 

 

Muito antes da internet, cada geração sempre teve suas próprias gírias, modos de se comunicar e parecer legal.

Com a chegada da internet na casa do brasileiro, há pouco mais de 20 anos, a linguagem da internet revolucionou a linguagem. O modo como escrevemos online está em constante adaptação. Essa forma própria começou a ser notada e comentada com o surgimento de plataformas como ICQ, MSN, Bate Papo Uol.

Até hoje, suas modificações vão desde abreviações comuns como de você para vc, até palavras totalmente ressignificadas ou inventadas. Dentro das variadas formas de se falar, foram criadas alguns tipos de linguagem categorizadas como meme, como o tiopês e o miguxês.

Significado das Expressões

Na alta época do Orkut e no auge do Emo, se caracterizam por palavras terminadas em muitos xXXXx e variações de caixa alta com caixa baixa e os diversos modos de se escrever na web. Geradores de texto viraram bem populares como o Miguxeitor que classifica o miguxês em três níveis: Miguxês Arcaico, Miguxês Moderno e Neo-Miguxês, .

Imagem do programa Miguxeitor

Internetês, Miguxês e Tiopês

 

O miguxês é marcado pela alternância das letras em caixa alta e pequena, troca de letras e exagero de X, I e H.

Miguxês Arcaido:
oi meu nome eh mariana e esse eh meu tcc
Miguxês Moderno:
oi meu nome eh mariana i essi eh meu tcc
Neo-Miguxês
OI Meu NoMinHu Eh mARiaNAH i EXXi eh MEU TCC

*gerados pelo MiGuXeiToR https://aurelio.net/coisinha/miguxeitor/

 

Terminações de palavras e frases terminando com:
X – som de x, aumentar a emoção da palavra
h- Perfeitahhhh Com h no final, usado para dar ênfase e como acento:
-q (em final de frase, indigando questionamento – que)
-t (talvez, mostrando significado duplo)
-s, -n (sim e não)
Aaaaaaaaaaaaa: Quanto mais “A” maior o desespero da pessoa.
F Fail, deu ruim, respeito a morte de um personagem.

Caracteres especiais: Imagem exemplo de conversa
> apontando, enfatizando
~
E s p a ç a d o
:3
<3

Variações de letras:
A vira @
S vira $

Risada
Rs / rsrs
Kkkkkkkk
Hahahaha
HQIWJASOWQK

 

Figurinhas e Emoticons

😎🥵🥺👉👈😳👀🤷🏻‍♀️🔪🖤🤡🙏😍😅🤣🙄👽

 

Caracteres Especiais e Símbolos

https://www.mobilegamer.com.br/2019/04/gerador-de-letras-e-simbolos-especiais.html

 

 

 

 

Em 2021 a linguagem memética atual se modifica de acordo com as plataformas atuais e seus usuários, como o TikTok, Instagram, Twitter.. Falando sobre o poder do twitter, é preciso mencionar a cultura do cancelamento. Ela tende a cancelar e boicotar qualquer empresa, marca, influencer ou pessoa comum que tem um posicionamento não aceitável socialmente.

 

Boy, fada sensata, embuste, mana, lacrando, thread, passar pano, @ arroba, hino, ranço, confia, o pai/ a mãe ta on, crush, tw.

 

 

 

 

 

 

 

☆.。.:* Música .。.:*☆

 

 

Não é difícil exemplificar como a música se encaixa na categoria de memes.
Hoje temos uma ascensão do estilo funk com eletrônico, forró funkeado e mashups de estilos. Alguns Djs brasileiros como Zebu, Yanescudo, DJ Lucas Beat e Maffalda, usam do mesmo modelo de reinserir memes em novos contextos, criando essa variação e seleção.
No dia 27 de novembro de 2020, lançaram a música “Bandid* – Pabllo Vittar feat. POCAH”, logo chamou a a atenção pela junção de referências:
a batida de “Velozes e Furiosos em Tokyo – Tokyo Drift -Teriyaki Boyz” e a frase principal “Ai como eu tô bandida”, hit da Mc Mayara, uma artista também conhecida pelo meme na música.

Thumbnail dos videos: “Ai como eu tô bandida – Mc Mayara” e “Velozes e Furiosos em Tokyo – Tokyo Drift -Teriyaki Boyz” e

Thumbnail “Bandid* – Pabllo Vittar feat. POCAH”

Notar essas referências, significa que elas são memes e tiverem sucesso na sua replicação o suficiente para serem lembradas. Porém ao introduzir um meme em algum lugar, como foi o caso dessa música, cria uma nova onda de viralização. Tendo daí dois tipos de público, o que já conhecia e o que começou a conhecer a referência a partir dessa nova aplicação.
Outro exemplo atual é o caso do Mc Poze, com seu hit “No Baile Nós É Mídia“, foram criados mais de 5 variações da mesma música, o “Multiverso do Rodo”, sendo finalmente viralizada com a versão “MC POZE NOS ANOS 80”.
Thumbnail do vídeo “MC POZE NOS ANOS 80”

Multiverso do Rodo
1°- MC Poze nos Anos 80
2°-Seu Jorge do Rodo – Amiga da minha mulher
3°-Mc Poze – No baile nois é mídia (Piseiro)
4°-Mc Poze ft. Travis Scott
5°- Billie Jean – Michael Jackson ft. Mc Poze

E assim com o Dj Azeitona, em Blinding Azeitona. O ícone FunkNeurotico.net, vinheta no final de toda música de funk baixada no começo da internet. Podemos mencionar artistas de um hit, como Friday da Rebecca Black e até brasileiros como Nissim Ourfali – Vamos pra Baleia e eu não posso deixar de mencionar Barões da Pisadinha, o fenômeno atual da música e do meme, que tem influenciado um grande apreço pelo forró na minha geração.
Thumbnail do vídeo Friday da Rebecca Black

Todo ano temos a disputa do hit do carnaval, que se inicia em meados de dezembro, começando no fim. O conceito Hit Maker, melhor explicado no livro de Derek Thompson “Hitmakers – Como nascem as tendências”, mostra o poder da viralidade. O hit é o viral que aconteceu, o meme que deu certo, a fama. Você ser famoso, se tornar viral é algo que pode vir a ser passageiro ou não, com níveis de replicação. Existem muitos memes de sucesso, pessoas que surgiram de um minuto de brincadeira e se replicam até hoje.

Livro “Hit Makers” – Como Nascem as Tendências – Derek Thompson

 

 

☆.。.:* Estética .。.:*☆

 

 

Dentro de cada plataforma, tribos vão existindo. Por exemplo, na época do MySpace começaram a surgir derivações do que conhecemos como emo: os From UK, Scene Kids.
No Brasil, essa cultura foi amplamente divulgada por meio do Orkut e os fakes de orkut. Com comunidades do tipo “balada fake”, pessoas com fotos falsas e nomes falsos interagiam criando laços reais.

 

Colagem Meme- “O Ano é 2005”

 

Atualmente, a plataforma mais forte em termos de definir estética, trends e memes é o Tik Tok, seguido do Instagram. Já o Pinterest é um ótimo exemplo de plataforma com painéis de imagens, que consegue por meio de algoritmos representar seu gosto e meme, como antigamente era usado We Heart It e o Tumblr.

 

 

☆.。.:* Memes BR .。.:*☆

 

 

Muito antes do acesso a internet e aos memes digitais, a televisão brasileira dos anos 90 se encarregava deste trabalho. Brincadeiras como banheira do Gugu, mitos como a Sasha (filha da Xuxa) ter nascido sem anus e os closes de mulheres dançando na TV em horário nobre domingo à tarde, com a fala clássica “tire as crianças da sala”, marca e exemplifica bem a cultura que vivemos.

 

Quando introduzimos a internet na rotina do brasileiro, com um acesso globalizado, surgem milhares de resultados. Os memes brasileiros são a única empresa em total funcionamento 24h por dia sem dar problemas. Inclusive se tem algo que o brasileiro se orgulha, é da cultural memética dele.
O Brasil ganhou algumas guerras mundiais de memes, principalmente contra Portugal. Estamos sempre bem preparado e carregados para lutar contra ou a favor de qualquer assunto.

A discussão do politicamente incorreto aconteceu na minha bolha em meados de 2014, onde o feminismo e outras questões sociais começaram a ser discutidas mais a fundo dentro do Facebook por meios de grupos de interesse comum. O Facebook, logo depois do Orkut, foi um passo para o brasileiro em termos de acessibilidade. O problema da opinião pública e esse acesso é claramente exemplificado pelos comentários do G1. É comum se deparar com discursos de ódio ao ler qualquer notícia.

A política brasileira criou um marco no estudo memético, inclusive com esse estudo o Museu de Memes foi criado. Ter um presidente no poder que conseguiu ser eleito com base em memes e fakes news chamou tanto a atenção que o assunto memes começou a ter uma importância que nunca tinha tido.

 

 

 

 

 

 

Plataforma

 

 

 

Plataforma

 

 

☆.。.:* Plataformas .。.:*☆

 

 

Nos memes digitais, a plataforma de origem é muito importante para entender o tipo de conteúdo e referência dentro dele. Dentro das diversas plataformas existentes, cada meme influencia diretamente no seu tipo de cultura, entendimento da vida e aspectos sociais em geral. Se eu passo meu dia no Instagram, eu vejo certo tipo de meme. Se eu passo no Facebook, eu vejo outros tipos. Por mais que seja parecido por serem as duas plataformas mais populares e acessíveis.

 

 

O tipo de meme que agrada em cada plataforma muda bastante, por serem de formatos diferentes. Por exemplo, o WhatsApp é o melhor meio de receber mensagens de bom dia e boa noite, figurinhas e emoticons. Assim como também é o meio mais usado para encaminhamento de correntes e fake news.

 

 

☆.。.:* Viralização e Algoritmo .。.:*☆

 

A forma que usamos a internet mudou muito desde a propagação da mesma, nos adaptamos para termos tecnologia no nosso dia-a-dia em uma velocidade exorbitante e esse convívio com novas tecnologias fez com que mudássemos o jeito de enxergar o mundo. Apesar do lado bom da rede e expansão da informação, essa interação exacerbada com a internet nos faz sofrer com a distorção da realidade.


Hoje nos encontramos em uma internet centralizada na existência das principais redes sociais, como Facebook, Instagram e Twitter. O modo com que o algoritmo de cada uma dessas redes funcionam, gerando uma bolha social individual a partir da forma como interagimos aos conteúdos que nos são mostrados, transforma essa centralização de plataformas em algo limitador.


A partir do momento que uma cópia digital nossa é criada, ou seja, quando nosso algoritmo de interação dentro de uma rede social é estabelecida, estamos limitados a aquela bolha social designada a nós, sendo assim mais difícil acessar um conteúdo ou opinião que não faça parte do seu nicho social. Hoje em dia se fala muito sobre as coisas líquidas que vem com a facilidade da tecnologia, por exemplo aquela música que tá em primeiro lugar começa a descer de posição. A piada já não tem mais graça, o estilo sai de moda, a gíria se inutiliza.

Um experimento social em The Big Bang Theory, no episódio 20 da 4 ª temporada, os personagens Sheldon e Amy discutem e colocam em teste o teoria do meme de Dawkins. Eles contam duas informações diferentes para a Penny, uma delas é tão forte que se espalha muito rápido e em questões de minutos vários outros personagens já estão cientes. Já a outra informação não consegue se propagar.

Com a internet, as coisas funcionam de modo mais fácil, o modo que algo se propaga, a força da viralidade que na vida fora da tecnologia não acontecia. O anonimato na internet faz as pessoas se sentirem muito mais confortáveis para ser quem elas são e para falar o que elas pensam. Mesmo que esses pensamentos sejam ruins e não devam ser falados. Sentimos confortáveis em falar quando achamos que não vai ter nenhum tipo de consequência e temos a impressão que a internet é uma “terra sem lei”.

 

Se tudo que você expressa, o que você gosta, o que você quer comprar, posta e escreve na internet é utilizado como dados, a internet não é uma “terra sem lei”. Esses dados são sua cópia virtual, e é graças a ela a personalização da sua timeline, de quem você vê os stories no Instagram, o que aparece no seu Pinterest. Você aos poucos cria seu algoritmo, quanto mais você posta e interage, quanto mais você pesquisa você personaliza seu conteúdo. Ele se adapta a momentos da sua vida. Todo dia milhares de aplicativos gratuitos são baixados e voluntariamente aceitamos os termos e condições. Se não estamos pagando para usar esse produto, como por exemplo o Facebook, como ele ganha dinheiro?

 

“Se você não tá pagando o produto, o produto é você.” (LEWIS, Andrew)

 

Nunca tivemos tantas pessoas com problemas relacionados às redes sociais quanto agora em 2021, além das disforias causadas por nos espelharmos em perfis famosos nas redes, podemos ver o modo com que esses algoritmos das redes sociais afetam nosso dia-a-dia, principalmente a de crianças e adolescentes.

Essa ideia me dá abertura a imaginar o futuro da geração pós a minha. Crianças que cresceram não só vendo Youtube, mas sendo “tiktokers”. Hoje quando se pergunta a uma criança o que ela quer ser, a resposta varia entre “influencer, tiktoker e youtuber”. Essa é a profissão do futuro. A ideia de que ser você mesmo, porém nas câmeras, e ser o suficiente para pagar suas contas e ser famoso, gera um nível de pressão social e problemas de insegurança e autoestima que não estamos preparados.